Descrição

Nesta quinta-feira, 9 de janeiro de 2019, a árvore sagrada e mais antiga do Terreiro Obá Ogunté, conhecido como Sítio de Pai Adão, caiu em Recife (PE). A queda aconteceu devido a um incêndio que acometeu a árvore na madrugada do dia 9 de novembro de 2018. Desde então, Iroko contava com o monitoramento de equipe da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), da Prefeitura da Cidade do Recife, e do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). Porém, após o incêndio, a estrutura da árvore ficou muito fragilizada e perdeu sustentação.

A Superintendência do Iphan em Pernambuco lamenta o ocorrido e pretende tomar as providências cabíveis, em diálogo com a comunidade do terreiro e demais órgãos competentes, para garantir a segurança do bem tombado e evitar novos incidentes. Segundo técnicos da Prefeitura de Recife, ainda há vida no Iroko, sendo possível que novos brotos aflorem no tronco da árvore.

Iroko é um orixá do candomblé, que representa o tempo e a ancestralidade, e no Brasil é comumente associado à árvore da gameleira, que pertencente à família botânica Moraceae. Iroko também era tombado pela Prefeitura da Cidade do Recife, por meio do Decreto Municipal nº 14.288/1988 como Ficus sp., pela raridade, beleza e condição de porta sementes.


Capela do Terreiro Ilê Obá Ogunté Sítio de Pai Adão

Sobre o Terreiro Pai Adão
O Terreiro foi reconhecido como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Conselho Consultivo, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no dia 20 de setembro de 2018, durante reunião do colegiado no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.


Situado na Estrada Velha de Água Fria, nº 1644, bairro de Água Fria, Município de Recife, Estado de Pernambuco, a casa-matriz da nação Nagô Egbá, é uma das mais antigas de Pernambuco. Foi fundada no ano de 1875 por Yfatinuké, negra originária do povo Egbá, vinda da cidade de Oyó, na Nigéria, que, no Brasil, respondia pelo nome Inês Joaquina da Costa, mais conhecida como Tia Inês. Anos depois, foi sucedida por Pai Adão, renomado Babalorixá do início do século XX, famoso pela difusão da língua iorubá, cânticos e tradições religiosas que ele buscou aperfeiçoar pessoalmente em viagem à África.

Segundo relatos, a gameleira está associada à própria origem do terreiro, pois teria sido um dos principais motivos pelos quais Tia Inês teria escolhido comprar o terreno e fundar ali sua casa de culto. Conta-se também que, à época da perseguição aos terreiros, a comunidade escondeu objetos sagrados no interior do Iroko, a fim de garantir a segurança das peças e da própria comunidade.